Adriano Macedo | Pescadas Expressas

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Você não precisa de um editor

LITERATURA

A era digital está provocando determinados fenômenos que ajudam a temperar as discussões e reflexões sobre o mercado editorial e os hábitos de escrita e leitura. É o caso, por exemplo, da mudança de paradigmas a respeito do sucesso literário e de como os escritores estão buscando formas alternativas e, em certos casos, bem-sucedidas para publicar os próprios livros, conseguir leitores e construir uma carreira expressa. Este novo caminho está sendo trilhado por autores que decidiram entrar de cabeça no mundo digital, num momento em que o mercado editorial passa por profundas transformações em toda a cadeira do livro.

No dia 23 de fevereiro de 2013, o caderno Ilustrada, da Folha de S.Paulo, publicou a história da escritora paulistana Lilian Carmine sob o título "Escrevi em inglês para ser lida", da jornalista Raquel Cozer. Depois de ter livros infantis recusados pelas casas editoriais brasileiras, ela decidiu publicar, na língua inglesa, uma obra juvenil, em capítulos, numa rede social canadense. Conseguiu fãs e, o mais importante, ser percebida pela editora inglesa Gillian Green, da Random House, simplesmente a maior do setor no mundo.

Oito dias depois, na edição do dia 13 de março de 2013, sob a manchete "Era digital muda conceito de sucesso literário", o jornal Valor Econômico traduziu matéria de Alexandra Alter, do The Wall Street Journal Americas (versão em inglês disponível para leitura; a matéria do Valor está disponível apenas para assinantes, mas é possível fazer um cadastro gratuito para leitura), sobre o livro de suspense "Wool", de Hugh Howey, que já vendeu mais de 500 mil exemplares na Amazon. Considerado um caso editorial raro, ele autopublicou o livro neste site, em formato e-book. Resultado: já recebeu mais de US$ 1 milhão em royalties, vendeu os direitos para o cinema para Ridley Scott, e assinou contrato com a Simon & Schuster para a versão impressa da publicação. Detalhe: manteve os direitos para o livro eletrônico porque está certo de que ganhará mais dinheiro desta forma do que por meio da editora.

Os dois casos têm provocado um debate no setor editorial, principalmente porque as editoras já não conseguem publicar todos os originais recebidos e os escritores começam a encontrar formas alternativas e de renda relativamente estável por meio da autopublicação.

O mercado editorial anda a galope e não tem sido fácil para os personagens deste enredo lerem com a necessária clareza e velocidade todas as transformações que estão ocorrendo. O título desta postagem foi emprestado do PublishNews, newsletter voltada para este setor, onde Iona Teixeira Stevens põe um tempero adicional na discussão sobre o papel do editor neste novo cenário.


Foto acima: Rochpublibrary 

Foto abaixo: Techtalk



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